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Gestão de chave e certificado SSL

O presente processo trata da gestão de chave e certificado SSL para conexões ditas seguras entre servidores do Coletivo.

Considerações

O Coletivo reconhece que

  1. O protocolo HTTPS possui sérios problemas de design, impedindo por exemplo que diferentes certificados possam ser utilizados num mesmo IP.

  2. A indústria da certificação digital representa um sério risco de segurança e uma imposição tecnocrata à utilização prática do HTTPS. Ela recria um domínio cartorial no cyberespaço e pode a qualquer momento ser utilizada por governos ou corporações para forjar certificados autenticados e com isso grampear a conexão entre usuários/as e computadores.

  3. Idealmente, a atitude a ser tomada por um coletivo técnico radical deveria de não utilizar a indústria da certificação como meio de assegurar a identificação de seus serviços e máquinas. Deveria, ao invés disso, utilizar apenas esquemas abertos como a. Certificadores Comunitários como o CACert. b. Monkeysphere. c. A simples verificação da impressão digital dos certificados mediante algum vínculo direto (por exemplo, troca de fingerprints ou validação via OpenPGP) com os/as administradores das máquinas.

  4. No entanto a. Nem todos os navegadores acompanham, por padrão, certificados de entidades comunitárias. É o caso do CACert. b. A adoção de ferramentas livres para HTTPS ainda está muito longe de se tornar comum. No presente, haveria pouca possibilidade de que uma metodologia livre seja eficiente. Ao invés disso, haveria um involuntário incentivo aos/às usuários para que aceitem certificados considerados como inválidos pelos navegadores, o que pode facilitar ainda mais o grampo: se os usuário aceitam qualquer certificado, então não haveria diferença entre eles aceitarem o certificado verdadeiro do falso.

Conclusões

Portanto, o Coletivo conclui que

  1. No momento, ainda importante ter um certificado assinado pela indústria da certificação, isto é, por uma entidade autorizada pelo cartel do SSL.
  2. A autoridade certificadora a ser utilizada deve obedecer alguns critérios básicos: a. Não é diretamente conectada a uma agência governamental. b. Não possui problemas políticos óbvios. c. Cujo certificado raíz não está encadeado com certificados que não satisfazem os critérios acima.
  3. Dada a sua insuficiência, tal certificação corporativa não deve ser o único meio para a validação dos certificados SSL e assim esquemas alternativos como o Monkeysphere devem ser utilizados e encorajados, de modo que haja um aumento da massa crítica necessária para tornar tais métodos mais populares. O mesmo se aplica para a verificação da impressão digital dos certificados.

Utilização de HTTPS

Conforme o documento Best Practices for Online Service Providers, o Coletivo concorda que conexões HTTPS devem ser utilizadas o máximo possível.

  1. O Coletivo utilizará HTTPS apenas em servidores confiáveis que onde seja possível armazenar as chaves SSL de forma criptografada.
  2. Utilizar, quando possível, cabeçalhos HSTS.
  3. Considerando que o certificado vale apenas para um único domínio e seus subdomínios (isto é, o domínio principal do Coletivo), o Coletivo utilizará HTTPS por padrão apenas: a. Para serviços, sistemas e sítios que utilizem o domínio principal do Coletivo, quando não houver impedimento técnico para tal. b. Para outros domínios desde que solicitado pela parte hospedada.
  4. Considerar a utilização de entradas CAA no DNS.

Implementação

A implementação de HTTPS também deve obedecer a uma suite bem estabelecida.

Tal escolha deve desabilitar uma série de cifras ruins e habilitar aquelas que provém Perfect Forward Secrecy (PFS).

Outros protocolos

A utilização do SSL também deve se estender a outras plataformas, como por exemplo email (via TLS) desde que possível e que atenda critérios análogos aos anteriores.

Escolha de autoridade certificadora

Dentre as autoridades certificadoras, o Coletivo escolhe a Gandi por:

  1. Atender os critérios acima estabelecidos.
  2. Diferentemente de outras empresas, possui uma preocupação com privacidade e comprometimento com serviços de internet alternativos e independentes.
  3. Contribuir com projetos de código aberto, vide lista.

No entanto, é importante notar as limitações envolvidas na escolha do Gandi:

Q: Por que muitos grupos usam GANDI como registrar?
R: Porque naqueles tempos (2000), ter seu próprio domínio era tranquilamente
   de 5 a 10 vezes mais caro do que hoje. GANDI acabou com esses preços
   introduzindo ofertas muito baratas no mercado. E como em geral temos
   pouco ou nenhum dinheiro para colocar em projetos, simplemente compramos
   nossos domínios lá.

Q: O que GANDI significa?
R: Isso é uma curiosidade, mas GANDI significa "Gestion et Attribution
   des Noms de Domaines Internet", "Atribuição e gestão de nomes de
   domínio de Internet". Como empresa, o modelo de negócios era simples:
   praticamente tudo automatizado, praticamente sem suporte e preços
   baixos.

Q: Por que GANDI é vista como uma organização política?
R: Os fundadores originais do GANDI tinham idéias políticas sobre bens
   comuns e como todo o negócio de nomes de domínio da Internet era
   baseado em escassez virtual. Um deles até escreveu um livro,
   "Confessions d'un voleur" ("Confissões de um ladrão") no qual ele
   descreve extensamente sobre como fez um monte de dinheiro exatamente
   vendendo algo que não existia e que não havia sentido em vender.

Q: Por que GANDI é visto como "descolado"?
R: Alguns dos fundadores originais também eram envolvidos na cena
   alternativa da Internet na França. Parte do dinheiro obtida pelo
   GANDI ajudou outros projetos, um dos quais o operador sem fins
   lucrativos Gitoyen.

Q: Onde estão esses fundadores agora?
R: Em algum outro lugar! Como não foram capazes de concordar em onde
   o dinheiro deveria ir, os quatro fundadores resolveram vender o
   GANDI. Eles fizeram isso até por um preço justo. Tentaram vender
   para pessoas que respeitariam o espírito original, e em certo
   sentido o fizeram. Parece que o GANDI ainda contribui para
   projetos de software livre e relacionados, tanto em tempo de
   trabalho quanto em dinheiro.

Q: Devo confiar no GANDI?
R: Da mesma forma que você confia em qualquer companhia capitalista.
   Eles preferirão preservar seu negócio ao invés de ajudar você.

Responsabilização

O Grupo de Trabalho formado pelas pessoas responsáveis pelo presente processo deve:

  1. Caso o Coletivo disponha de recursos financeiros, manter certificado SSL assinado para *.dominio via Gandi. O Coletivo arcará com os custos. Caso contrário, adotar a certificação CACert como padrão.
  2. Manter formas alternativas de certificação via: a. Monkeysphere. b. A simples verificação da impressão digital dos certificados mediante algum vínculo direto (por exemplo, troca de fingerprints ou validação via OpenPGP) com os/as administradores das máquinas. c. Manter, na medida do possível, o público informado das mundanças nas haves de acesso, utilizando para isso OpenPGP. Como exemplo, manter uma página ública e atualizada sobre os atuais certificados utilizados e também informar rupos e pessoas próximas sobre mudanças em certificados.
  3. Opcionalmente, manter também a assinatura via [http://www.cacert.org/ CaCert].
  4. Evitar o vencimento da validade dos certificados, utilizando para isso métodos como o [http://prefetch.net/articles/checkcertificate.html ssl-cert-check], implementado por exemplo no [http://git.fluxo.info/puppet-ssl puppet-ssl].
  5. Observar a aplicação dos critérios e determinações do presente processo, operando conjuntamente com o GT de [wiki:Camadas Configuração de sistemas padronizada e centralizada].